quarta-feira, 23 de junho de 2010

Forró

Passava das três...

Ixe!

E quanto!

O som

da sanfona

Parecia

um trem alucinado

E o terreiro brilhava

como se cada calçado

lhe passasse

Um tipo de cera

Grãos de terra e estrelas

brilhavam

Acolhendo homens e mulheres em festa.

Apenas a Lua

Faltou ao encontro

As nuvens

Se fizeram presentes

Derramaram gotas de chuva

Para animar o pessoá!
Mas teve discórdia.

E a faca puxada

Furou as mãos do triângulo

E o bucho da sanfona!

Lágrimas escorriam

Enquanto

A lâmina fugia!

A sorte foi que

O médico

Estava no baile

E costurou mãos e

bucho

salvando acordes.

Talvez po isso

A Lua

Não tenha vindo...

Pressentiu a luta

Por mulheres-fadas

Zangou-se

Trancou-se no seu

Quarto escuro do Universo.

Dali levaria um mês

para sair.


A. Spínola






6 comentários:

Depósito de histórias disse...

Humm... bela história!!
Porwue não faz uma coisa "mais nordestina", porque não tenta fazer o texto em forma de cordel?
Qualquer coisa podemos trabalhar juntos... mas está realmente encantador!

Belos e Malvados disse...

Bela história mesmo.
Estava sentido falta das atualizações daqui. Que bom que o São João lhe inspirou.

Um abraço.

A Spínola disse...

toOlá Anne! Feliz S João!!!

Thainá Freitas disse...

Esse eu vi manuscrito, se não me engano...
Quem sabe no próximo a Lua esteja presente ;D

Marina de Carvalho disse...

Vixi, me imaginei nesse forró!

A. Spínola disse...

Tava ótimo, Marina!