domingo, 26 de dezembro de 2010

Matriz – Fsa



Enquanto
Fazia
a
Feira
Lembrava das
Festas da matriz
Carroças enfeitadas
Cheias de homens-putas
Desfilavam no
Meio
Da
Praça
Barracas se
Enfileiravam
Frente
Ao
Coreto
E
A igreja
As filarmônicas
(ah! As filarmônicas!)
Faziam-se
Ouvir
Enquanto
Um bêbado
Trôpego
Caia na frente
Das mulheres
Que traziam lenha...
- Ei, moço!
Vai pagar em miúdo?
Acordava e era trazido
De volta à feira
Retornava
Dos cortejos
Sagrados
Construídos
Por um
Povo
Carregado de luxúrias!
A. Spínola

Um beijo

Beijei a boca
Da noite
Passeando
Com a minha língua
No céu
Lambuzei estrelas
Brincando
De mordiscar
Lábios carnudos
De Luas
Lábios carnudos
Como os seus
A. Spínola

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dia sereno.. e bom


Um dia

o céu

há de ser

Azul pela manhã

Cinza no final

da tarde

E preto

prateado de estrelas

à noite

Um dia

o mundo

há de ser

Vermelho

pela nossa manhã de luta

Bucólico

pelas lembranças das casas entrecortadas

pela luz

do sol

no final da

tarde

E multicolorido

pela nossa alegria da noite

Um dia

comemoraremos

reforma agrária pela manhã

Igualdade social

por toda a tarde

E a preservação do meio ambiente

pela imensidão da noite

Um dia

seremos comuns

andando de bicicleta

pela manhã

Caminhando pela avenida

bem a tarde

bebendo cerveja à noite

com nossos amigos

Um dia o mundo

será mundo

será mundo

será mundo

Um dia

crenças vão cair por

terra

E todos seremos irmãos

Partidos políticos

não vão nos representar

Em congressos

e policiar

será verbo de pais

diante de todos

os filhos

Um dia seremos

corajosos

trocaremos o olhar do punhal

por palavras educativas

E a escola será

a rua

o bairro

a cidade

Um dia

pretos e brancos

serão todos pretosebrancos

E enquanto crescemos

faremos curso

de espanhol

de inglês

yorubá

francês

tupi...

Um dia

o mundo será

mundo

será mundo


A. Spínola





quarta-feira, 18 de agosto de 2010

"Teje preso"


Se

um dia

         não te seguir

                            faltaram-me estradas

Não decifrei

o sentido do

                  ir

                      e

                       vir

parei

cercado por uma solidão incompreensível

sozinho

           eu comigo mesmo

sem o

        personagem

criado

         sem tempo

                       sem dinheiro

                                           sem sina...

sem caneta

               sem papel

                            ou notebook

apenas memórias

                      que não permitiam

                                                 a perda da identificação

enquanto assistia

                   algumas cenas do

                                              meu filme

("Memory Pictures" apresenta:)

sinais e

           gestos:

                      uma boca - e

                                   uma mão - procuravam aparecer

entre

      cabelos molhados

                                 e soltos

cabelos barras de ferro

                               grades!

que um dia

              no meio da feira

                                    prenderam

Todas as minhas
                         possibilidades

                                               preso



sozinho entre
                   o Mercado a

                                      Praça da Bandeira e

                                                                 as Casas Pernambucanas

tudo que me restou da feira

                                         foram
                                                memórias

uma garrafa de pinga

                                um quilo de farinha

                                                          e as cores das

barracas de frutas...

"teje preso, cabra!"




A. Spínola

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Inverno feirense

Junho
       é mês
de
   Altos e
               Baixos
É sanfona
              e fogueiras
Julho
      Chove mais
                      que
Agosto
        Que faz
                  Mais frio...

A Spínola

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Forró

Passava das três...

Ixe!

E quanto!

O som

da sanfona

Parecia

um trem alucinado

E o terreiro brilhava

como se cada calçado

lhe passasse

Um tipo de cera

Grãos de terra e estrelas

brilhavam

Acolhendo homens e mulheres em festa.

Apenas a Lua

Faltou ao encontro

As nuvens

Se fizeram presentes

Derramaram gotas de chuva

Para animar o pessoá!
Mas teve discórdia.

E a faca puxada

Furou as mãos do triângulo

E o bucho da sanfona!

Lágrimas escorriam

Enquanto

A lâmina fugia!

A sorte foi que

O médico

Estava no baile

E costurou mãos e

bucho

salvando acordes.

Talvez po isso

A Lua

Não tenha vindo...

Pressentiu a luta

Por mulheres-fadas

Zangou-se

Trancou-se no seu

Quarto escuro do Universo.

Dali levaria um mês

para sair.


A. Spínola






terça-feira, 18 de maio de 2010

Feira livre de Brasília


Bananas tem
Em Brasília
Laranjas tem
Em Brasília
Abacaxis tem
Em Brasília
Pepinos tem
Em Brasília
Carcaças tem
Em Brasília
Carne de porco tem
Em Brasília
Galinhas tem
Em Brasília
Vacas tem
Em Brasília
Tem até farinha
da mesma Brasília!

A Spínola

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sobre Feira de Santana...


Não nasci em Feira de Santana,

Que pena...

Mas escolhi Feira

Para o meus filhos nascerem.

A. Spínola

terça-feira, 9 de março de 2010

Resgate Histórico e manifestações culturais na Escola



Fevereiro de 2010. Recebo um convite para participar de um projeto intitulado Resgate Histórico, lá no CETEB. Tratei sobre a construção deste projeto e em especial d e um momento denominado de Roda de Conversa em texto anterior. Nesse momento, direciono meu olhar, minhas memórias, para a produção final do evento no pátio da instituição, alguns dias atrás. Alunos de cursos pofissionalizantes, adultos (sim, adultos!) envolvidos feito crianças (sim, feito crinças!)com manifestações culturais do município de Feira de Santana e representações montadas a partir de pesquisas realizadas por eles, com orientações de alguns professores. O pátio com a "Caminhada Cultural" siginificou um certos de contas com questões de identidades: ninguém precisou receber aulas de samba de roda para poder sambar, ninguém precisou ensaiar uma quadrilha junina para poder representá-la, nem muito menos trajar-se de manifestante da lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim (de Feira), para poder ver-se inserido nesta atividade. Ninguém precisou de aulas de reisado (de São Vicente, lá do Tiquaruçu) para compreender que música e dança, que cultura popular e povo de Feira de Santana, nascido ou récem chegado aqui, estão interligados por uma cumplicidade/identidade cultural que faz-nos esquecer por alguns instantes, de outros ritmos, de outras danças, de outras manifestações tratadas de forma massificadora, por exemplo, por parte da mídia. Foi uma manhã e uma tarde, com alunos de Enfermagem, de Química, de Eletroeletrônica, de Eletrotécnica e de Podução de Moda, que começaram sua formação profissional buscando encontrar elementos da nossa cultura sertaneja-nordestina-feirense em seus gens. Em suas memórias, nas suas tradições familiares -nos seus pais, avós, tios, irmãos... Diria que em alguns vizinhos, até! Afinal somos um povo! Um só povo envolvido. Um só povo entrelaçado. Por uma sina e sinais de uma diversidade cultural para além de festiva e religiosa, congregadora. Conspiradora. Formadora de (novos) destinos e (nova) determinação de vida cidadã. Profissional. Nunca a escola foi tão produtiva.Nunca mais nossas vidas serão as mesmas. E foi só uma passo. Afinal, pareceu-me que o gosto ficou em cada aluno. Em cada professor, em cada convidado, em cada participante.
Qual será o nosso próximo projeto?

A. Spínola

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sobre resgate histórico e formação profissional


Participei no último sábado de uma atividade intitulada "Roda de Conversa" sobre Movimentos Culturais de Feira de Santana, parte do Projeto de Resgate Histórico que acontece no CETEB - Feira, com alunos que chegaram ma instituição para fazerem cursos técnicos de formação profissional. A inciativa é fruto de um trabalho desenvolvido com alunos do curso de Desing anteriormente. Hoje, todos que chegam realizam o Resgate Histórico, uma prposta de conhecimento-reconhecimento da história de cada um, da sua identidade, do seu pertencimento a uma determinada cultura.
Alunos dos cursos (Técnicos) de Enfermagem, Eletroeletrônica, Química, Eletrotécnica e Produção de Moda encheram o auditório nas manhã e tarde de sábado, para conversarem com Adilson Simas (Blog http://www.porsimas.blogspot/ e rádios e jornais de Feira), jornalista Geraldo Vieira (www. infocultural.com.br , autor do projeto Trilogia do Reggae em Feira e homenageado no último carnaval em Salvador), e Everaldo Lima, jornalista (TvUEFS, TV Cultura e jornais de Feira de Santana) e historiador; Carlos Lima, jornalista e memorialista de Feira de Santana, responsável pela preservação do Arquivo do Jornal Folha do Norte, que recenetemente completou cem anos; Frei Cal - vereador de Feira de Santana e articulador de movimentos sociais voltados para a preservação e respeito dos elementos culturais de origem afro-brasileira e o Historiador, Prof. Doutor Aldo José. Conjuntamente, estes profissionais promeveram uma grande atividade de troca de conhecimento sobre Feira de Santana e alguns dos seus movimentos culturais, como a micareta, o bando anunciador, a levagem da lenha, a feira livre e seus percursos na cidade... O prof. Adaury Porto trouxe para o grupo dados sobre a questão arquitetônica em Feira. Importantíssima questão.
Tive a honra de mediar esta Roda de Conversa, junto com Professor Radival Galiano.
Os professores da instituição, que trabalham no Projeto Resgate Histórico, Juliano, Yrlane e Murilo, completaram de forma positiva discussão sobre a temática, favorecendo a relação entre a construção do saber sobre movimentos culturais e identidade cultural. Esperamos que futuramente, cada profissional saído da instituição, encontre no su peril profisional, uma relação entre sua atuação e a sua História e Projeto de Vida.
Valeu a pena... Encontramos almas enormes naquele dia...

A. Spínola

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O arco de Canudos



Canudos...

À entrada do Parque Estadual de Canudos encontramos este arco... Se estivésse em Roma ou Paris, representaria a certeza de uma vitória em guerra. Aqui por certo a história é outra. O que nos aguarda depois da sua travessia? Qual a história contada por vivos e mortos que povoam o parque? O que nos contaria seus mandacarús vizinhos, sempre atentos a quem está por chegar? Em janeiro o seu céu cinza revelava chuvas e abundâncias nos próximos meses... Mais que bananas, teríamos milho, feijão, mandioca... e bodes, muitos bodes pastanos pelas redondezas. O povo viverá a certeza da fartura das colheitas de maio e junho... E rezará em outubro pelo Conselheiro, o Santo do Belo Monte... Abraços, povo de Canudos! Continuem firmes e felizes como os vi... Que o arco continue a contar muito tempo esta história construida sob suor e labuta.

A. Spínola

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Piranhas, arquitetura, flores e 2010

Piranhas fica lá em Alagoas, mas poderia ser o pedaço de chão de qualquer um de nós destas redondezas... Foi tombada, graças a sua arquitetura peculiar. Esta fotografia fiz logo na chegada a cidade-lapinha. Um lugar quente, como espero que seja o ano novo, vermelho como nossos corações, e florido como se estivesse numa eterna festa-primavera para alegria da população... A cidade é uma graça. Só não gostaria de ter a memória de Piranhas, mas isto é para outras conversas... Parabéns por terem-na construído e mais ainda por conservarem suas casas com/sem eiras e beiras...
Feliz 2010 Piranhas!
A. Spínola (Fotografia feita com uma Sony 10.1 megapixels, em Novembro de 2009, pela manhã.)

domingo, 3 de janeiro de 2010

2010

Cercado de tentações
Vi o ano novo
Chegar
Debater-se em luta com
O tempo antigo
E vencer
Não veio cercado
De naves espaciais
Em forma de pterodactilos
De raios ultras
Desintegradores
De passeios pelo centro da Terra
Não trouxe consigo
Seres de outros planetas
Ou perseguições espaciais
Até nossas roupas parecem as mesmas
Não foi assim que o vi
Em 1979
Mas
Começou 2010

A Spínola